Mochilão Pela Europa - A Viagem de Superação de Medos Que Transformou a Minha Vida e Meu Jeito de Pensar
Eu em Roma, passando frio em uma praça, enquanto tomava uma garrafa de vinho |
Final de faculdade é sempre estressante. Como já falei em
outros posts, deixei várias coisas importantes para mim de lado durante a
faculdade e foquei 100% nos estudos, no entanto, depois de ser reprovado na 8ª
fase, porque um paciente meu de prótese não pode mais comparecer as consultas e
não consegui entregar a produção necessária, tive uma das experiências mais
enriquecedoras da minha vida.
Eu vim do interior de Santa Catarina e nunca tinha viajado
para longe, a viagem mais longa que fiz tinha sido com a minha turma do
colégio, para Porto Alegre - RS, quando eu tinha 12 anos. Só o fato de ter me
mudado de Criciúma para fazer a faculdade em Florianópolis já foi um grande
passo para mim.
Mas, em Abril de 2015, depois de tomar alguns ansiolíticos
(cervejas) em um bar da faculdade em plena quarta-feira, recebi o convite de um
amigo para viajar para Europa, no estilo mochilão, visitando vários países no
estilo mais low cost possível. Apesar de ser uma pessoa que pensa bastante antes
de tomar qualquer decisão, aceitei na hora. Não pensei em dinheiro, não pensei
no meu medo de aviões, não pensei se conseguiria me comunicar. Efeito das
cervejas? Talvez.
O ano se seguiu em uma mistura de estresses de faculdade,
somados a mim tentando tocar guitarra, pois não queria me formar "só
dentista" e ao mesmo tempo em que economizava, planejava a viagem e
superava as loucuras de uma ex namorada. Sim, foi um ano difícil e no final do
semestre recebi a notícia da minha reprovação.
Compramos as passagens 4 meses antes, com um preço ótimo, com saída para Janeiro de 2016.
Minha mochila, um dia antes da viagem, com tudo que eu ia usar pelos próximos 23 dias |
Planejamos iniciar a viagem por Roma, na Itália e depois
seguiríamos para mais 5 países: Alemanha, Austria, Republica Tcheca, Holanda e
Bélgica. Nosso roteiro envolvia apenas viagens de ônibus, infinitamente mais
baratas que de trem, e estadias em hostels ou dentro dos ônibus em viagens
longas durante a madrugada, como fizemos no trajeto Berlim/Amsterdã.
Roteiro com quase todas as cidades pelas quais passamos. Todos os 3 mil Km foram percorridos de ônibus |
Depois de um ano cheio de expectativas, o tão esperado 28 de
Janeiro, dia da viagem chegou. Antes de entrar no avião para São Paulo eu
sentia uma mistura de alegria extrema, expectativas e medo.
Foto tirada antes da partida, dentro do avião que iria de São Paulo a Roma. |
"Você estava indo para uma viagem dessas e estava com
medo?"
Exatamente, como disse, eu nunca tinha saído da região sul
do país e não estava acostumado a viajar, ainda mais para tão longe. É curioso
admitir que ao mesmo tempo em que me sentia empolgado planejando a viagem, a
minha mente tentava me pregar peças, colocando todo tipo de obstáculo e
dificuldade à minha frente. Hoje percebo como é difícil sair da zona e
conforto, mesmo que isso envolva uma viagem.
No entanto, momentos de apreensão envolveram apenas
situações onde quase perdemos alguns ônibus procurando pelo local correto,
vagando na madrugada de cidades desconhecidas.
Simplesmente, nenhum dos meus medos se concretizou e percebi
como grande parte do que pensei era ridículo. Sim, ridículo.
O resto da viagem foi uma mistura de deslumbramento com pura
emoção e transformação pessoal. Essa experiência mudou a minha vida; Quando
falo isso, as pessoas acham que estou falando das cidades e dos pontos
turísticos e, claro, isso foi parte importante e contribuiu demais para a
viagem ser mágica do jeito que foi.
Sim, visitar o Coliseum foi espetacular, mas os pontos turísticos não foram o aspecto mais importante da viagem! |
Contudo, a viagem foi transformadora, primeiro porque me
obrigou a enxergar as coisas de outra maneira: Para viajar não era preciso
muito dinheiro, é possível abrir mão de luxos supérfluos, o mundo é gigante e nós
não precisamos de muito para viver experiências incríveis em diferentes lugares
do planeta.
Eu sempre tive conforto na minha vida, no entanto, lá estava
eu, ficando em um quarto com 50 pessoas (sim, fiquei em um quarto com 50
pessoas em Berlim) e me sentindo mais feliz do que eu não me sentia em MUITO
tempo.
Percebi como a minha rotina e o mundo em que eu vivia dentro
da minha própria mente era quase que... insignificante... Sim, essa é a
palavra. Como eu posso ter perdido tanto tempo me preocupando com coisas tão
desnecessárias na minha vida?
Acredito que esta foi a minha introdução à minha introdução
ao desenvolvimento pessoal, em busca de uma vida mais tranquila, no início de
2017. Entendeu?
Mas, em um segundo ponto, a viagem foi impactante por causa
das pessoas que conhecemos.
Logo quando chegamos, por ser extremamente introvertido, eu estava com vergonha de falar meu enferrujado inglês; Apesar de entender e falar razoavelmente bem, fazia séculos que não treinava meu vocabulário. Contudo, depois de 1 dia precisando pedir informações, fazer pedidos em restaurantes e conversar com o recepcionista do hostel, me soltei e o ato de falar outra língua se tornou comum de uma hora pra outra; Foi uma sensação maravilhosa e inesperada.
Eu na frente do Palácio de Schonbrunn, em Viena, um dos lugares mais especiais de toda a viagem |
Estou falando da comunicação pois sem isso, não conseguiria
vivenciar a melhor parte de toda a viagem. Eu e meu colega saiamos a noite para
visitar algum ponto turístico ou comer algo, no entanto, era comum também nós
comprarmos algumas cervejas/vinhos e beber no bar dos hostels.
Praticamente todas as noites começavam com nós dois bebendo
e terminavam com mais de 10 pessoas que conhecíamos enquanto conversávamos no
bar. Era MUITO FÁCIL de se fazer amizades e todas as pessoas estavam abertas a
conversar.
Por exemplo, quando chegamos em Munique, depois de andar uma
hora e meia procurando pelo hostel, resolvi "descansar no bar" e
beber uma cerveja antes de dormir. Não demorou muito para uma mesa de espanhóis
me chamar para sentar com eles.
Isso se repetiu em todas as cidades e conheci russos,
koreanos, chineses, japoneses, espanhóis, ingleses, brasileiros, argentinos e
pessoas de tudo que era canto do mundo, cada uma com histórias e experiências
para compartilhar entre uma cerveja e outra.
Por isso, para mim, essa viagem significou muita coisa e
consegui superar medos, sair do meu mundinho introvertido/zona de conforto,
adquirir novas experiências e conseguir forças para voltar para o Brasil e dar
o meu melhor em tudo que fazia.
Foram 23 dias de viagem, 6 países e mais de 10 cidades; A cada dia
que passa, desejo mais estes 23 dias de volta e hoje estou planejando pequenos
acampamentos por Santa Catarina, ao mesmo tempo em que guardo dinheiro e
invisto para ter condições de fazer um novo mochilão pela Europa.
Mas desta vez, quero ter a experiência de viajar sozinho. Falarei mais sobre isso em um outro post! ;)
Abraços e até a próxima!
André Martins - Arriba Dentista